O GOLFE DURANTE O EXPEDIENTE DA CORTE

(Nossa nota: O QUE SERÁ QUE VAI ACONTECER COM O NOSSO PODER JUDICIÁRIO EM FACE DA CRESCENTE ESTAGIARIOCRACIA?)

Num momento de descontração em aula na faculdade de Direito, final do ano passado, o magistrado-professor é questionado por um radialista-aluno que pretende, breve, trilhar a carreira do Direito.
– Qual é o seu esporte predileto, mestre?
– Eu pratico golfe, mas exclusivamente aos sábados e domingos. De segunda a sexta, o meu ´e s p o r t e´ único é manusear processos e julgar bem.
Por causa dessas frases é que o radialista tem, três meses depois, uma surpresa extrema num dia útil, agora em março, quando vai a um notório clube de golfe para entrevistar um economista.
Ali encontra – em meio a tacadas – o magistrado-professor, um desembargador e a esposa de um deles, também afeita às lides jurídicas. Todos portando tacos, mirando bolas e almejando buracos.
De repente, um constrangimento causado pela voz estridente de um jovem que se aproxima. Ele tem o tipo de estagiário da Corte:
– Excelência, trouxe uma liminar para o senhor assinar. Está bem fundamentada, pode crer!
Um empresário se desilude com o que vê e comenta:
– Considerado um esporte de elite por muitas pessoas, o golfe é criação dos escoceses que já o praticavam a partir do ano 1400. Mas em 1457, o rei Jaime II da Escócia proibiu a prática do golfe por considerá-lo um divertimento que afetava os interesses do país.
Um advogado tributarista avalia:
– No Brasil, o golfe é um esporte que está afetando a jurisdição, porque encolhe o horário de trabalho de juízes e desembargadores, enquanto a estagiariocracia floresce.
Um dirigente da OAB assiste e dá uma espinafrada:
– Efeito do bem sucedido ´auxílio-moradia´, corremos o risco de, breve, eles pedirem o ‘auxílio-taco´!
FONTE: SITIO http://www.espacovital.com.br/inicio; Romance forense|Publicação, em 31.03.15; Charge de Gerson Kauer